A Primeira-Dama do Samba

A chegada de Neuma Gonçalves da Silva ao Morro da Mangueira, em 1933, marcou o início de uma história entrelaçada com as raízes da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Filha de Saturnino Gonçalves (Satur), o primeiro presidente da Mangueira, e de Forestalina dos Santos Gonçalves, Neuma foi criada em uma família que nutria uma conexão intensa com o samba e a comunidade mangueirense. Desde jovem, enfrentou desafios: aos quatro anos, enfrentou problemas de saúde, o que levou a família a mudar-se para o Largo do Pedregulho, e logo depois para o morro, onde finalmente estabeleceram morada. Esse período coincidiu com a fundação da Mangueira, e a própria Neuma relembra a surpresa do anúncio feito por seu pai ao chegar em casa embriagado: “Eu trouxe pra vocês a Estação Primeira, um bloco que nós fundamos, e onde vocês vão participar”. Essa fala emblemática mostra como, para Neuma, a Mangueira não era apenas uma escola, mas uma extensão da própria família. Ao longo de sua vida, Neuma testemunhou e contribuiu ativamente para a consolidação de importantes tradições dentro da escola. Foi responsável pela criação de alas marcantes, como a ala das baianas e a ala das crianças, além de estabelecer o departamento feminino, onde reforçou a participação das mulheres na organização da escola. Em sua casa, na entrada do Buraco Quente, as portas estavam sempre abertas para acolher a comunidade, e seu telefone, um recurso valioso, conectava o morro ao restante da cidade, evidenciando sua dedicação à Mangueira. Sua generosidade e compromisso com a escola fizeram com que fosse conhecida como a Primeira-Dama de Mangueira. Mas Neuma via seu papel com modéstia. Em entrevista a Albino Pinheiro para O Pasquim, ao ser chamada de “a mulher mais importante da Mangueira”, ela afirmou: “Eu sou a Neuma. Cinco letrinhas pequenininhas. Eu não sou nada não”. Sua morte, em 17 de julho de 2000, aos 78 anos, deixou um vazio na comunidade. No velório, em consonância com seu pedido, o clima foi de celebração da vida, com a presença de uma bandeira verde-rosa sobre seu caixão e uma cerveja para cada um de seus amigos. Quer saber como uma mulher transformou uma escola de samba e conquistou o respeito de toda uma comunidade? Continue a leitura!

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Como citar esse artigo — OLIVEIRA, Marcelo. “A PRIMEIRA-DAMA DO SAMBA”. In: MEMÓRIA Verde-Rosa. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: <https://memoriaverderosa.com.br/neuma/>. Acesso em: 21.02.2025.

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