
Ele cresceu entre tambores e ladeiras, onde o compasso não se aprendia com partitura, mas com o pé no chão e o ouvido atento. Desde os tempos em que a bateria era apenas um ajuntamento de talentos dispersos, sem uniformes nem estrutura, ele vislumbrou outro caminho — de dignidade, de autonomia e de identidade rítmica. Mais do que um executor de batidas, foi arquiteto de um som. Quando a Estação Primeira ainda lutava para se afirmar como escola e instituição, ele já pensava em estatuto, em sede, em fantasia padronizada. Não aceitava que os ritmistas fossem apenas suporte: queria que fossem reconhecidos como alma. Idealizou uma ala da bateria que não apenas tocasse — mas que se organizasse, se financiasse, se vestisse com orgulho. O que era improviso, ele fez virar estrutura. O que era ruído, ele transformou em assinatura sonora. Ao seu redor, formou-se uma geração inteira de batuqueiros, dirigentes e parceiros que deram à Mangueira um novo fôlego. Sua liderança não se impunha pelo grito, mas pela coerência de seus gestos. A batida firme do tarol que trazia da infância passou a marcar também o compasso da própria escola. Porque há personagens que não apenas tocam o samba — eles o moldam, o expandem, o guardam. Continue a leitura e acompanhe a história de quem transformou o surdo em legado, o repinique em símbolo e a bateria em pilar da identidade mangueirense. Continue a leitura e descubra como Homero José dos Santos — o seu Tinguinha —, mestre do tarol e fundador da ala da bateria, transformou o compasso da Mangueira em símbolo de pertencimento e resistência.
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Como citar esse artigo — OLIVEIRA, Marcelo. “A BATIDA É UMA SÓ”. In: MEMÓRIA Verde-Rosa. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: <https://memoriaverderosa.com.br/tinguina/>. Acesso em: 08/07/2025.
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