O primeiro mestre-sala

A história de Marcelino José Claudino, mais conhecido como Massu, é uma daquelas que, embora enraizada na simplicidade de um começo humilde, se confunde com a própria evolução do samba e da Estação Primeira de Mangueira. Nascido no final do século 19, em Santa Cruz, uma região afastada do Rio de Janeiro, Massu era filho de pais escravizados. A sua infância, marcada pela liberdade de brincar sob as árvores e entre os campos do sítio, contrapunha-se à realidade que logo o conduziria a caminhos mais duros. Mas quem poderia prever que aquele menino, que nasceu longe dos centros urbanos e sem registro de nascimento, viria a ser uma das figuras centrais na criação da mais tradicional escola de samba do Rio de Janeiro? Desde cedo, a força física de Marcelino se destacou, e essa característica, aliada a uma personalidade questionadora e irreverente, parecia ser o prenúncio de seu destino. Quando ainda jovem, Marcelino serviu ao Exército, mas a disciplina rígida e as tarefas monótonas da Cavalaria não eram o que ele procurava. Sua verdadeira paixão sempre foi a música, a dança e as festas populares. O contato com os ritmos africanos, embora clandestinos e marginalizados, foi um ponto de virada para ele. Nos animados bailes do Largo dos Boiadeiros e nos ranchos do Carnaval, ele foi se tornando conhecido por seu talento para a dança e pelo gosto pela vida boêmia. No entanto, foi no Morro da Mangueira, para onde se mudou em 1918, que a sua trajetória deu uma guinada definitiva. Ali, encontrou um novo lar entre os excluídos e, com o tempo, conquistou respeito e liderança entre os moradores. Sua fama de dançarino e valentão foi se consolidando, e foi nesse ambiente que ele se uniu a outros jovens, como Cartola e Zé Espinguela, para fundar o Bloco dos Arengueiros. Massu, com sua presença imponente e coragem indomável, quando a Estação Primeira foi oficialmente fundada — Massu é um dos fundadores —, no dia 28 de abril de 1928, se tornou não só um defensor do pavilhão, mas uma figura-chave na construção da Escola, que viria a se tornar a mais emblemática do Carnaval carioca. Massu marcou sua história como um líder dentro da Mangueira, assumindo a presidência da Escola em vários momentos, mesmo nas adversidades. Seu amor pela Mangueira era incondicional e genuíno, o que ficou claro quando, após a construção do Palácio do Samba, ele recusou cargos de prestígio e preferiu trabalhar anonimamente como zelador dos banheiros. Seu desejo nunca foi o reconhecimento ou a recompensa material, mas sim contribuir para o que mais amava, a Escola. Massu morreu em 1973, aos 74 anos, sendo um verdadeiro símbolo de paixão e dedicação à sua comunidade e à sua Escola. Descubra como a trajetória de Massu, transformou o Carnaval carioca. Continue lendo para entender sua importância para a Mangueira e o samba. Saudações verde-rosa.

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Como citar esse artigo — OLIVEIRA, Marcelo Fonseca de. “O PRIMEIRO MESTRE-SALA”. In: MEMÓRIA Verde-Rosa. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: <https://memoriaverderosa.com.br/massu/>. Acesso em: 20/02/2025.

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