Jurandir, um dos mais talentosos compositores da Estação Primeira de Mangueira, teve uma vida marcada por desafios e conquistas. Nascido em Campos dos Goytacazes, em 1939, ele se mudou ainda jovem para o Morro da Mangueira, onde começou sua trajetória musical. Exímio percussionista e com uma voz suave, ele se destacou primeiro nos sambas de terreiro, mas logo passou a compor sambas-enredo, incentivado por ninguém menos que Cartola. Sua estreia como compositor de samba-enredo foi em 1959, e sua trajetória só cresceu a partir daí. Jurandir participou ativamente das gravações dos sambas da Mangueira e, em um momento inesquecível, chegou a substituir o lendário Jamelão durante um desfile. Embora suas composições nem sempre vencessem as disputas, elas conquistavam o coração das pastoras e da comunidade. Jurandir compôs obras memoráveis, como “Exaltação a Villa-Lobos” e “100 anos de liberdade, realidade ou ilusão?”, o famoso samba que questionou os reais efeitos da abolição da escravatura no Brasil. Sua genialidade como compositor, sua humildade e o respeito que nutria pelas tradições do samba fizeram dele uma lenda viva na Mangueira. Mesmo após a vitória em diversas disputas, Jurandir se desiludiu com os rumos que o samba-enredo tomou nas últimas décadas. Ele lamentava a aceleração das baterias, que, segundo ele, retirava a cadência que sempre foi a alma do samba. Jurandir faleceu em 2007, deixando um legado imenso para o samba e para a história da Mangueira. Esse capítulo sobre a vida de Jurandir revela uma trajetória fascinante de superação, arte e amor pelo samba. Para quem deseja entender a profundidade desse legado e conhecer as histórias por trás de suas composições, a leitura completa é imperdível.