A trajetória de Cumprido, nascido Anésio dos Santos no vibrante bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1928, entrelaça-se profundamente com a história do samba e da Estação Primeira de Mangueira, uma das escolas mais icônicas do carnaval carioca. Crescido entre os subúrbios de Vicente de Carvalho, Irajá e Vaz Lobo, e mais tarde no bairro de Fátima, Cumprido desde cedo experimentou a dura realidade da vida urbana. Com apenas 10 anos, já se envolvia em atividades de sobrevivência, como engraxar sapatos e vender pequenas mercadorias nos bondes da cidade. Essa experiência formativa, marcada por trabalho árduo e um contato íntimo com a cultura das ruas, moldou sua visão e determinação. Sua jornada no mundo do samba começou humildemente na rua do Riachuelo, tocando tamborim em blocos locais. Contudo, foi sua perseverança em compor e sua paixão pela música que o levaram a enfrentar um ceticismo generalizado, onde compositores estabelecidos eram venerados e novos talentos eram muitas vezes ignorados. No entanto, a resiliência de Cumprido não se deixou abalar; suas primeiras conquistas em sambas de escolas menores foram passos importantes em sua ascensão. O ponto culminante de sua trajetória ocorreu em 1950, quando ele se uniu à Mangueira não como compositor, mas como ritmista, ao lado de figuras renomadas como Pelado e Padeirinho. Sua longa e distinta jornada com a Mangueira, que inclui sua entrada na ala dos compositores em 1953 e sua presidência da ala de 1958 a 1970, é um testemunho de seu impacto e legado na escola e no samba carioca. Com sambas memoráveis como “Casa Grande e Senzala”, sua contribuição para a Mangueira não apenas consolidou sua posição como compositor, mas também reforçou a reputação da escola como um bastião do samba autêntico e inovador. A história de Cumprido é, assim, uma celebração da perseverança e do talento que definem a rica tapeçaria do samba e da cultura carioca.
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