Ai ai, meu Deus! Babaú

No amplo e rico panorama do samba carioca, onde as histórias de vida se entrelaçam com os ritmos e melodias que moldaram a cultura brasileira, algumas figuras emergem como pilares dessa narrativa, e Valdemiro José da Rocha, conhecido por todos como Babaú, é uma delas. Nascido em 1914 no coração do Morro da Mangueira, Babaú foi mais do que um simples compositor ou participante da história da música. Ele foi um símbolo vivo de uma época em que o samba se firmava como expressão cultural das comunidades e começava a ecoar para além dos limites dos morros. Sua trajetória está profundamente conectada às origens da Estação Primeira de Mangueira, um espaço que não apenas lhe ofereceu inspiração, mas também moldou sua visão musical e abriu caminho para suas contribuições marcantes. A história de Babaú é entremeada de momentos que revelam tanto os desafios enfrentados por sambistas de sua geração quanto a força de uma paixão que, desde a juventude, foi determinante em sua vida. Desde menino, entre os becos e vielas do Buraco Quente, ele se dividia entre o trabalho árduo, como carregador e chaveiro de bondes, e as rodas de samba que nasciam das mãos e vozes dos pioneiros do gênero. Foi nesse ambiente fértil que ele encontrou mentores como Cartola e Carlos Cachaça, que o inspiraram a aprender o cavaquinho e a compor, consolidando sua presença entre os grandes nomes da comunidade. Por meio da música, Babaú não apenas deixou sua marca na Mangueira, mas também expandiu sua influência para outras escolas de samba do Rio de Janeiro, sendo responsável pela fundação de importantes agremiações como a Unidos do Cabuçu e a Unidos de Vila Valqueire. Sua obra musical atravessou décadas, registrada na voz de intérpretes renomados como Araci de Almeida e Elza Soares, e ecoou entre gerações, provando que suas composições transcenderam o tempo. Porém, por trás desse sucesso, há uma narrativa humana profundamente tocante, marcada pela superação, pela luta contra adversidades e pela dedicação incansável ao samba e à sua comunidade. É essa história fascinante, repleta de nuances, que o texto a seguir busca explorar, lançando luz sobre a vida e a obra de Babaú, um sambista cuja influência se fez sentir muito além das cordas de seu cavaquinho.

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Como citar esse artigo — OLIVEIRA, Marcelo. “AI AI, BABAÚ”. In: MEMÓRIA Verde Rosa. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: <https://memoriaverderosa.com.br/babau/>. Acesso em: 21.02.2025.

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Uma resposta para “Ai ai, meu Deus! Babaú”

  1. Avatar de Kithi

    Boa tarde, utilizamos seu texto, na integra, no Instagram da Revista Assum Preto. Mencionamos a autoria e o site. Se vocês puderem entrar na publicação para deixarem o @ de vocês nós divulgaremos junto com o vídeo.

    Muito agradecida por nos proporcionar conhecer um pouco da historia de Babaú

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